A Carta Roubada (bib.) é um conto de Edgar Allan Poe que só consta do Bibliowiki porque surge com alguma frequência no meio das histórias fantásticas do autor, em edições de cariz fantástico. Trata-se, não de uma história fantástica, mas de um conto policial, centrado nas capacidades dedutivas de um indivíduo particularmente dotado, C. Auguste Dupin, antecessor dos grandes detetives da literatura policial. O conto é basicamente explanativo. O enredo resolve-se de uma penada, mas o conto prossegue com uma longa explicação, por vezes de caráter quase ensaístico, sobre a natureza humana e o raciocínio de que Dupin se socorre para resolver o mistério (uma carta comprometedora, roubada por uma alta personalidade a outra e usada pela primeira para chantagear a segunda até que Dupin a recupera). O mais curioso deste conto, para mim, é ver o quanto Sherlock Holmes deve a Dupin. Não se trata apenas do emprego da lógica dedutiva como principal motor da história. É também a incontestada superioridade do arguto detetive sobre os demais, o retrato dos agentes policiais como rústicos sem rasgo nem imaginação, e o ajudante/amigo, que serve principalmente de confidente, de interposta pessoa entre o detetive e o leitor, à qual o primeiro se confessa a fim de informar este último. Costuma chamar-se a histórias como esta "seminais", por servirem de semente de onde irá nascer uma árvore completa. Raramente são as melhores histórias do género a que dão origem, mas são sempre fundamentais para ele ser plenamente compreendido. É o caso.
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