Oberon (bibliografia), de Wolmyr Alcantara, é uma noveleta de horror bastante bem construída, que faz uma mistura muito interessante de elementos díspares, provenientes das mitologias greco-romana e cristã, com pitadas de folclore e com a ideia, bastante usada no horror, de que as imagens são portais para outros mundos distintos do nosso. Tantos elementos provenientes de origens tão diversas poderiam resultar numa salada disforme. Mas Alcantara consegue integrá-los muito bem, num todo harmonioso e original, com um texto que, pesem embora algumas fragilidades aqui e ali, é em geral bom.
A história centra-se numa família de mãe e filha, esta última uma criança algo estranha. Após um divórcio, as duas mudam-se para uma nova cidade onde a mãe pretende reconstruir a vida, e a história começa quando arrendam um apartamento num prédio aparentemente normal. Aos poucos, porém, a pequena — que fica sozinha em casa enquanto a mãe trabalha, ou então ao cuidado de uma vizinha (invulgarmente?) solícita — vai descobrindo que algo no prédio não pertence propriamente à vida quotidiana de todos nós, mas fá-lo mais com curiosidade do que medo. Depara, no entanto, com o ceticismo da mãe. Que, como é de resto habitual em histórias deste género, acaba por se extinguir ao ser confrontado com o irrefutável, que neste caso surge sob a forma de um vizinho, velho habitante do terceiro andar, que se acaba por descobrir ser uma manifestação de um mal antigo.
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