Os Braços Gigantescos das Árvores é uma noveleta de Robert Silverberg, de uma ficção científica muito flower power, muito peace and love, com uma origem muito identificável no tempo e no espaço. A história gira em volta de árvores sencientes e carnívoras (num paralelismo curioso com os Assassinos de Sobreiros do João Ventura, e numa coincidência mais curiosa ainda nos tempos de leitura) num planeta distante, que são exploradas pelos frutos que dão. O protagonista é, também aqui, o homem que cuida da plantação e que tem uma relação especial com algumas das árvores, ao ponto de lhes dar nomes (ironicamente, de personagens ilustres da História). Mas a plantação, todas as plantações, aliás, estão sob a ameaça de uma estranha doença incurável e mortífera para as plantas, que se tem espalhado de planeta em planeta sem que ninguém lhe consiga pôr travão. A trama completa-se com uma sobrinha do protagonista, por quem este sente uma atração com mais do que um pouco de pedófila (e que ela, como boa Lolita, provavelmente até incentiva), que o ajuda nas lides agricolas e que parece gostar das plantas talvez ainda mais do que o tio. E com estas breves pinceladas o quadro está completo.
E é em parte por isso que o conto não é tão bom como outros contos do autor. Porque Silverberg tenta enfiar nele demasiadas coisas, só conseguindo com isso ser não só superficial, mas também previsível. Hoje em dia, agora que os ecos do movimento Hippy já se desvaneceram quase por completo, certamente, mas julgo que mesmo em 1968, ano em que ele foi publicado pela primeira vez, o conto já o seria. Sintonizado com o seu tempo, sim, com certeza. Mas previsível.
Mas também não é um mau conto. É mediano. Mais para menos, parece-me, do que para mais.
Conto anterior deste livro:
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