De Maria Ondina Braga julgo que só tinha lido uns contos infantis, na época em que a idade era a própria, e dessas leituras ficou-me na memória sobretudo o nome da autora, portanto ler este Estação Morta foi praticamente uma estreia. Esta história, no entanto, não é uma história infantil. Trata-se de um conto adulto, uma daquelas histórias de veraneio, que se servem da muito comum técnica de arrancar as pessoas aos seus lugares e gestos rotineiros para dar o pontapé de saída em histórias que se pretendem interessantes. Neste caso, estamos perante a história de uma mulher que se aloja num hotel semivazio, algures no norte, perto da praia mas fora de época, e aí é confrontada com os mistérios do lugar e com um homem, bronco, retornado, salazarento, por quem sente um misto de repugnância e atração. Bem escrito, introspetivo, o melhor do conto são as suas subtilezas, suficientes para o arrancar a uma mediania a que a banalidade de cenários e personagens poderiam tê-lo condenado. Não que o arranquem com grande força ou de uma forma muito definitiva. Mas arrancam o suficiente para se terminar a leitura com opinião positiva.
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