segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Lido: Nas Catacumbas

A ficção científica está cheia de histórias em que o contacto entre civilizações oriundas de diferentes planetas resulta em invasão — ainda recentemente falei aqui de uma. Normalmente, a invadida é a Terra, o invasor é uma espécie alienígena qualquer. Mas mais raras e em geral mais interessantes são as histórias em que são os terrestres que invadem planetas distantes. Nas Catacumbas é uma dessas histórias. Talvez.

E talvez porque esta vinheta de Luiz Bras não é inteiramente clara a esse respeito. Em parte devido ao ponto de vista escolhido, a dos invadidos, que se veem obrigados a refugiar-se em catacumbas, o que explica o título, em parte devido ao tamanho do conto, página e meia, e em parte devido à sua estranheza, pois o método de invasão e combate é francamente desusado. E original, tanto quanto eu saiba.

Essa originalidade contribui para o interesse que o conto tem, mas há mais. Há aqui uma muito subtil conexão ecológica, talvez algo retirado da mundovisão de povos indígenas sul-americanos. Se encarada sob um certo ponto de vista, esta é a história não só da invasão do Novo Mundo, como a própria história da espécie humana no planeta que lhe deu origem. Se visto a esta luz, este conto é extraordinariamente sumarento para obra tão pequena. E por isso muito bom.

Textos anteriores deste livro:

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