terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Leituras de 2016

Acabo 2016, mais uma vez, com uma enorme pilha de opiniões por escrever e publicar. Uma das resoluções de ano novo é ser este o último ano que acaba desta forma... mas a gente sabe como são as resoluções de ano novo, não sabe? Portanto, olhem, vamos ter ainda vários meses com material do ano passado a aparecer aqui na Lâmpada, lado a lado com outro material (a maioria dos contos que aqui forem aparecendo nos próximos meses) lido já este ano. E fora isso, a ver vamos o que acontece.

Enfim...

Li mais do que no ano passado. Não em número de livros, que esse ficou a um de atingir o total de 2015, mas sim em número de páginas. Este, de resto, é o maior desde que comecei a seguir as minhas leituras via Goodreads, há seis anos e, se não tivessem sido os três últimos meses do ano, bastante fracos em termos de leituras, com apenas quatro livros lidos ao todo entre outubro e dezembro, teria batido todos os recordes. Ainda abaixo do que era hábito antes de enveredar pela tradução, é certo, mas significativamente mais do que tem sido o hábito recente. E sem BD.

Dos 38 livros lidos, portanto, foram 33 os livros propriamente ditos, lidos por lazer, dos quais 13 são de autores lusófonos e um tem participação lusófona (embora esse seja em inglês). A parte lusófona está bastante mais bem representada que no ano passado, ainda que continue a ser a minoria.

A lista completa é a seguinte:

1- O Restaurante no Fim do Universo, de Douglas Adams (romance de ficção científica humorística);
2- Os da Minha Rua, de Ondjaki (contos interligados mainstream, talvez memórias de infância);
3- O Messias de Duna, de Frank Herbert (romance de ficção científica);
4- Contos Fantasia, de vários (contos de fantasia e história alternativa);
5- Academia de Vampiros, de Richelle Mead (romance de fantasia urbana juvenil);
6- Atlas das Nuvens, de David Mitchell (romance em mosaicos de ficção científica);
7- Viajantes do Tempo, de Clifford D. Simak (romance de ficção científica);
8- Caim, de José Saramago (romance fantástico);
9- Escola de Mulheres / Dom João, de Molière (duas comédias teatrais, uma delas com elementos fantásticos);
10- Makas da Banda, de Xakolo Monangumba (novela mainstream);
11- Prosa, de Mário de Sá-Carneiro (de contos curtos a romances, na sua grande maioria de horror);
12- A Saga de Alex-9, de Bruno Martins Soares (três romances interligados de fantasia científica);
13- The Heisenberg Mutation and Other Transfigurations, de Steve Redwood (contos de fantasia e ficção científica);
14- A Viagem do Elefante, de José Saramago (romance histórico);
15- 2014 Campbellian Anthology, org. de M. David Blake (contos e excertos de romances de ficção científica, horror e fantasia);
16- Salto no Tempo, de Yves Dermeze (romance de ficção científica);
17- O Verdadeiro Dr. Fausto, de Michael Swanwick (romance de ficção científica);
18- Cada Homem é uma Raça, de Mia Couto (contos mainstream e fantásticos);
19- O Legado de Mrs. Baker, de Maria do Vale Cartaxo (novela mainstream);
20- Abismos do Tempo, de Lúcio Manfredi (romance de ficção científica);
21- A Balada da Vala dos Velhos, de J. P. Simões (conto mainstream);
22- Entre o Corpo e a Rosa, de António da Silva Carriço (conto fantástico);
23- A Cidade da Ciência, de Maurice Vernon (romance de ficção científica);
24- Capitania de São Vicente, de José de Anchieta (relato de viagem);
25- A Guerra é Para os Velhos, de John Scalzi (romance de ficção científica);
26- D. Pedro I e... Último, de Gabriel Bozano (noveleta de ficção científica);
27- Ficções, de Jorge Luís Borges (contos mainstream e fantásticos);
28- E de Espaço, de Ray Bradbury (contos de ficção científica, fantasia e horror);
29- A Abóbada Energética, de Karl-Herbert Scheer (novela de ficção científica)
30- Almanaque Steampunk 2012, org. de Sofia Romualdo, Joana Neto Lima, André Nóbrega e Rogério Ribeiro (contos steampunk);
31- Imaginários 1, org. de Tibor Moritz, Saint-Clair Stockler e Eric Novello (contos de ficção científica e fantástico);
32- Reflexões do Diabo, de João Cerqueira (conto(?) fantástico humorístico);
33- Anthology of European SF, org. de Cristian Tămaş e Roberto Mendes (contos de ficção científica e fantástico)

A acrescentar aos livros li também uma revista. Ainda menos que no ano anterior, onde por sua vez já tinha lido menos que em 2014. Eu tenho um problema com as revistas: ou são em formato de livro, como acontece com a Ficções e com algumas revistas de FC internacionais, ou então, se são em formato grande, dão-me muito pouco jeito. De vez em quando pego numa Bang! e depressa a ponho de lado; há qualquer coisa naquele formato que não me atrai para a leitura. E por isso, as revistas em formato grande vão ganhando pó, sem serem lidas. Um dia terei de fazer um esforço e lê-las duma vez. Enquanto isso não acontece irão aparecendo listinhas destas:

34- Ficções nº 9 (contos mainstream com duas incursões pelo fantástico);

E também li por obrigação laboral. Desta fez foram quatro livros, sendo que um deles foi em português, para entrar no clima da tradução seguinte:

35- O Último Reino, de Bernard Cornwell (romance histórico);
36- The Pale Horseman, de Bernard Cornwell (romance histórico);
37- Hope and Red, de Jon Skovron (romance de fantasia);
38- Fool's Assassin, de Robin Hobb (romance de fantasia)

Quanto a géneros, continuou a predominar a ficção científica, como é hábito, mas, como também é hábito, houve bastante variedade. Este ano até li duas peças de teatro, coisa que quase nunca faço, e um relato de viagem, que é também coisa rara. Mas a maioria foi FC, com um total de 18 livros total ou parcialmente de ficção científica, mesmo que esta por vezes mostre bastantes impurezas.

A qualidade não foi tão boa como no ano passado, mas também não esteve mal. E daí, até talvez tenha sido ela por ela: se é verdade que houve menos livros a atingir posições cimeiras na minha apreciação, também é verdade que houve menos livros de cuja leitura eu tenha saído arrependido.

O melhor livro do ano foi, claramente, O Atlas das Nuvens, de David Mitchell, seguindo-se Ficções, de Jorge Luís Borges, e depois uma série de livros muito próximos, entre os quais talvez se destaque um pouco Cada Homem é uma Raça, de Mia Couto.

Este livro foi, naturalmente, o preferido entre os lusófonos, mas A Viagem do Elefante de José Saramago vem muito perto, com Prosa, de Mário de Sá-Carneiro logo atrás.

Do lado desagradável das coisas, A Cidade da Ciência de Maurice Vernon leva calmamente a palmatoada de pior livro do ano, seguido, bastante acima, por Salto no Tempo, de Yves Dermèze, e pela Academia de Vampiros de Richelle Mead, dois livros que não são maus, são só razoáveis. Curiosamente, ao passo que os lugares de topo são ocupados por livros de contos e um romance em mosaicos, estes cá de baixo são exclusivamente romances. Se eu quisesse disfarçar a minha preferência por ficção curta, estava bem tramado.

Entre os lusófonos, os lugares do fundo vão para Makas da Banda, de Xakolo Monangumba, D. Pedro I e... Último, de Gabriel Bozano, dois livros que também achei meramente razoáveis, e, um pouco acima, O Legado de Mrs. Baker, de Maria do Vale Cartaxo, três livros bastante curtos, por sinal.

E assim se passou mais um ano de leituras. Venha o próximo. Livros não faltam cá por casa. São às pilhas.

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