Uma das qualidades que teve a Ficções foi abrir as portas a primeiras publicações, mesmo que estas por vezes não correspondam em qualidade ao resto dos contos do número da revista em que se integram. É, em parte, o caso de Pequenos Terremotos, um pequeno conto fantástico do brasileiro André Ricardo Aguiar, que conta, resumidamente, a história de uma casa que é constantemente abalada por pequenos terremotos (embora talvez fosse mais adequado chamar-lhes "casamotos"). É um conto com a sua ironia e a sua dose de surrealismo, bem escrito, ainda que me pareça que a ideia poderia ter sido explorada de uma forma mais intensa e que talvez ficasse melhor assim. É daquelas histórias que beneficiam com a extravagância. O final, apesar de surpreendente, tampouco me pareceu inteiramente satisfatório, porque deixa no ar uma certa sensação de ter caído do céu aos trambolhões. No entanto, apesar destas notas menos favoráveis, não se trata de um mau conto e esteve longe de ser o conto de que menos gostei nesta revista. É um conto curioso.
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