Mais uma história sobre a qual não é possível falar sem fazer revelações sobre o enredo, daquelas de que os leitores que gostam de ser surpreendidos ao longo da leitura não costumam gostar nada. Sim, a designação comum é spoilers, e vai haver. Considerem-se advertidos.
É um conto sentimental, este. Uma fantasia centrada numa avó e numa neta, ambas depositárias de um conhecimento mágico antigo, a arte de adivinhar o futuro penetrando no mundo dos sonhos por intermédio da queima de certas ervas. Bruxedos. Marcelina Leandro não é inteiramente hábil no entrelaçar da sua história, não conseguindo fazê-la fluir tão bem como seria desejável (é uma estrada com alguns buracos quando devia ser lisa, digamos), mas mesmo assim logrou fazê-la bem o suficiente para funcionar.
Os Sonhos Numa Noite de Natal não são agradáveis para quem os sonha. A idade pesa, a morte espreita, e quem espreita o futuro vê-a a espreitar, com os corações quebrados que seriam de esperar. Há na história uma atmosfera onírica bastante adequada, e alguma insegurança na teia da realidade, que é propositada e está quase bem feita. Pena o final do conto ser fraco, e pena também um sentimentalismo excessivo para aquilo que o meu gosto literário tende a aceitar, que é assumidamente pouco. Outros gostos aceitarão mais.
Não foi um conto que me tivesse agradado muito, e mesmo pondo de parte aquilo em que colide com o meu gosto não creio que chegue realmente a ser bom. Mas é uma história interessante, que talvez até não esteja muito longe de ser boa. Está algures entre o razoável e o bom. Não envergonha ninguém.
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