sexta-feira, 1 de abril de 2022

Irmãos Grimm: O Caçador Hábil

Provavelmente estou a incorrer no mesmo defeito que critico, mas a verdade é que ao ler esta história dos Irmãos Grimm — e sim, esta é mesmo deles, pois a nota que a acompanha refere que foi construída a partir de duas histórias diferentes — me veio à mente mais uma vez a ideia de que o principal problema destas histórias para quem lê muitas em rápida sucessão (ou mesmo não tão rápida assim, como tem sido o meu caso) é serem tão repetitivas.

É que neste O Caçador Hábil vamos encontrar muitos pormenores já encontrados várias vezes ao longo destes volumes. O protagonista jovem e pobre que parte pelo mundo em busca de aventuras, por exemplo, acabando por se ver numa série de trabalhos com que o mundo parece exigir-lhe que demonstre o seu valor. Ou as criaturas mágicas da floresta, aqui uns gigantes, que vão ora ameaçá-lo ora ajudá-lo, ora as duas coisas como neste caso, ainda que não de forma voluntária. Ou um reino distante que tem uma princesa encantada e casadoira. Ou os oportunistas que tentam aproveitar-se dos feitos do jovem para proveito próprio. Ou tudo aparecer em grupos de três. E por aí fora.

A história está longe de ser má. Mas a verdade é que a reutilização de tantos elementos já vistos tantas vezes a transforma numa história que entretém enquanto é lida (ou ouvida a algum contador, imagino) mas depressa se esquece. Eu compreendo por que motivos os elementos são reutilizados tantas vezes nas histórias tradicionais: a familiaridade ajuda à conexão entre o contador e os ouvidores, ajuda a memória a guardar histórias de transmissão oral, por aí fora. Mas não é a compreensão intelectual dessas razões que faz com que a experiência de leitura melhore.

Contos anteriores deste livro:

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