Em Busca do Livro de Areia é um conto de Rhys Hughes que, como aliás acontece com todo o livro de que faz parte, ostenta bem visível a influência direta de Jorge Luis Borges. O Livro de Areia, criação do escritor argentino, é um livro que, além de outras características, é infinito, ou pelo menos tem tantas páginas quantos os grãos de areia que há no mundo (daí o nome). E é esse objeto que ressurge neste conto de Rhys Hughes, indo parar às mãos do seu protagonista e narrador lituano, um tal Jazeps Zemzaris. Este, contudo, animado de um invejável espírito prático, resolve fazer uso do livro de uma forma muito pouco literária, servindo-se para isso de algumas características do conceito matemático do infinito. Mas nem tudo corre exatamente como ele estava à espera, e por culpa própria.
O conto é excelente, de caras o melhor do livro até agora. Um conto inteligente, cerebral e rigoroso que não se esquece de se deixar escrever bem. Falta-lhe componente emocional, claro, o que pode afastar alguns leitores. Mas não é esse o objetivo. O conto está concebido como um exercício intelectual, e como tal é muito, muito bom.
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