O Direito e os Sinos é uma crónica, mesmo crónica, de José Saramago, que nos conta a sua descoberta de um caso acontecido em tempos idos numa aldeia italiana. Um camponês, farto de assistir impotente ao roubo das suas terras pelo senhor da zona, decide repicar a finados, proclamando a morte do Direito. Saramago terá sem dúvida feito um paralelo direto entre o ato do explorado de antanho e aquilo que se ia passando no tempo em que o fascismo já ia estertorando mas ainda sobrevivia, e em que escreveu a crónica.
Que diria, pergunto eu, se tivesse descoberto esse episódio hoje, em que os pobres, os remediados e os sem-remédio são sistematicamente assaltados por um estado que parece não passar do braço armado da usura internacional para distribuir fome e carência por milhões e acrescentar fortuna ao punhado daqueles que já a têm em demasia?
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ResponderEliminarQuer-me parecer que «sem remédio» devia levar hífen, segundo qualquer norma, assim: sem-remédio (como em sem-abrigo, sem-casa, sem-cerimónia, sem-número,
sem-papéis, etc.).
Hm...
ResponderEliminarObrigou-me a ir ver as regras do hífen no AO, e tem razão.
Um dia ainda se há de fazer uma nova revisão ortográfica para solucionar de vez o caos incoerente que são (já eram antes do AO e continuaram a ser depois) as regras de hifenação na língua portuguesa. Até lá... vou corrigir.
(suspiro)