quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Lido: Lenda de S. Julião Hospitaleiro

Lenda de S. Julião Hospitaleiro é uma noveleta de Gustave Flaubert, na qual este escritor francês conta a sua versão da vida desse santo católico, de origem algo misteriosa, criada sob inspiração dos vitrais da Catedral de Rouen. É uma história longa e repleta de prodígios, que acompanha a vida de Julião desde a infância privilegiada de filho de pequenos fidalgos, na qual descobre a cruel volúpia que matar criaturas vivas lhe causa, até ao momento em que transcende os pecados e é acolhido no céu, transformado em santo, supõe-se.

É obviamente uma história cristã, sobre o pecado e a expiação, também sobre o destino, e com algo de edipiano a apimentar a receita, visto que uma das constantes em todas as versões da lenda de São Julião é ele matar os pais, ainda que por engano. Não sendo eu cristão, aquilo que mais me interessa neste tipo de história é, além, claro, da literatura propriamente dita, as mentalidades que revela, os valores que promove ou desvenda. Neste caso, achei assombroso que uma vida que deixa atrás de si um longo rasto de cadáveres, que não só estão muito longe de ser apenas de animais como também não foram propriamente todos mortos por engano, possa ser resgatada por um simples ato de altruísmo (que ainda por cima pode ser visto como suicídio) para com um leproso, seja este prodigioso ou não. Como tantas vezes acontece, a mentalidade católica aqui revelada chocou-me, mesmo dando-se-lhe o desconto de se referir a tempos mais bárbaros do que aqueles em que vivemos. Enfim...

Quanto à literatura, não posso dizer que me tenha agradado por completo, mas também não desagradou. O conto é bom, apesar de não ser dos que melhor se adaptam ao meu gosto pessoal.

Conto anterior deste livro:

Sem comentários:

Enviar um comentário

Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.