domingo, 14 de outubro de 2012

Lido: Quando Vier a Revolução

Quando Vier a Revolução (bib.) é um convoluto conto curto de Bruce Holland Rogers sobre a atribulada vida de um certo Neal, ativista de várias causas. Não em simultâneo, entenda-se; ou pelo menos nem sempre. Neal, que começa por assaltar laboratórios para libertar os animais que neles são vítimas da crueldade humana só por amor passa a assaltar estábulos para massacrar os animais que neles vivem, numa inversão de cento e oitenta graus no ativismo e na mundovisão que este tem por trás. E essa reviravolta é apenas o começo; o pobre vai sofrer bastante (e fantasticamente) até ao fim do conto. Castigo pelo ativismo? Pela inconstância? Pela incoerência? Sim, provavelmente. Por tudo isso. Ou talvez não.

Trata-se, bem entendido, de um conto carregadinho de ironia, cujo verdadeiro alvo é a forma militante de estar no mundo. E trata-se de um belo conto. Mesmo que não se concorde com um certo elogio à indiferença e à inércia que nele está implícito, é impossível não sorrir perante o acertado retrato dos exageros que tantas vezes acompanham certas formas de intervenção veemente na sociedade.

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