O Vampiro (bibliografia) é uma noveleta de John-William Polidori cujo título não engana ninguém. Escrita já há quase 200 anos, quase um século antes do mais célebre de todos os vampiros literários (o Drácula, caso alguém tenha dúvidas), trata-se de um dos contos seminais da literatura de horror, um dos primeiros a transferir para a literatura os antigos mitos vampíricos do folclore europeu (também existentes em Portugal, diga-se de passagem), solidificando na figura do protagonista uma série de traços que se vão encontrar mais tarde em boa parte da literatura do género. O conto, em boa parte história de viagem, traça um retrato de um tal Lorde Ruthwen, que começa parecendo um inócuo nobre inglês, apesar de misterioso e sedutor, para se ir definindo ao longo do conto como um monstro, corruptor e assassino, verdadeiramente maligno.
Esta noveleta tem, relativamente a outras histórias seminais, a vantagem de não se ter transformado por completo em cliché, consequência de não ser a história mais influente do género respetivo. Embora muitas das características do vampiro de Polidori tenham sido reutilizadas mais tarde por Stoker e por autores posteriores, este vampiro não sofre metamorfoses nem é vítima de quaisquer efeitos adversos com a exposição à luz do sol. Embora haja nele algo de sobrenatural e pelo menos a sugestão de imortalidade, estas revelam-se de uma forma que não coincide com o cliché vampírico. E assim, o conto retém uma frescura pouco comum nas nascentes dos géneros e subgéneros. É um conto bastante bom, que possui a curiosidade adicional de ter sido gerado no mesmo local e época de outra grande obra seminal das literaturas do imaginário: Frankenstein.
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