domingo, 23 de abril de 2017

Lido: Cada Homem é uma Raça

Mia Couto. Para quem lhe conhece a prosa basta o nome para invocar um território feito de subtilezas, tanto de enredo como de linguagem. Um território muitas vezes realista mas também muitas vezes fantástico, mágico, sem nunca deixar de se enraizar na terra moçambicana e nas suas gentes.

Sem surpresa, é precisamente isso que se encontra neste Cada Homem é uma Raça, coleção de onze contos de nível geralmente muito alto. Alguns são autênticas maravilhas de construção narrativa e de linguagem. Outros ficam-lhes um pouco atrás, como é inevitável nesta espécie de compilação. Cerca de metade são contos fantásticos, o que também é comum em Mia Couto, ainda que em alguns o fantástico, sempre muito próximo do realismo mágico, esteja bastante diluído. Alguns são contos de fundo político, contos sobre o poder, a violência e o modo como essas coisas se entrecruzam com as pessoas e com vários momentos históricos. A época colonial. A época da guerra civil. Outros são mais atemporais, apesar de haver em quase todos um aspeto comum: a forma como o povo de Moçambique encara o Outro. Vários Outros, aliás, de vários tempos e lugares, com vários graus de domínio, seja imposto, seja consentido, sobre as vidas das pessoas.

Tudo somado, este é um livro muito bom, faltando-lhe muito pouco para ser excelente. Vários dos contos são-no mesmo; outros ficam aquém.

Eis o que achei de cada um:
Este livro foi "caçado" na biblioteca dos meus pais.

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