O Luís N volta e meia lança desafios. O último foi escrever um conto em 5 minutos sobre um de cinco temas à escolha. Eu escolhi o lagarto e o conto é este:
Joselito era um lagarto. Mas não era daqueles lagartos verdes do cliché. Não. Joselito era um lagarto psicadélico, com uma pele que parecia coberta com uma dose valente de LSD, cheia de pintinhas de milhares de tons de vermelho, verde, azul e púrpura, muito púrpura.
Se alguém o visse, pensaria talvez que tinha sido pintado por um pintor com um sentido de humor cruel. Mas a realidade era que Joselito tinha nascido assim, já pintalgado, e assim tinha vivido de lagartito comedor de baratas ao pujante lagartão em que se tinha tornado, devorador de pássaros, ratos e pequenas cobras.
Joselito, como não pensava, propriamente — os animais irracionais, ao que parece, não pensam — não se preocupava com a sua diferença e muito menos com as suas origens. Preocupava-se apenas com a próxima refeição e, de vez em quando, e vagamente, com a possibilidade de se enroscar em torno de uma fêmea. Ainda bem para ele, porque se se preocupasse com os esotéricos assuntos da sua origem e natureza, provavelmente seria infeliz.
Quem gostaria de saber ser filho de um ovo de páscoa?
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