domingo, 9 de maio de 2004

A promessa do futuro

O Luís N volta e meia lança desafios (é o último). O último foi escrever um conto em 5 minutos sobre um de cinco temas à escolha (finalmente). Eu escolhi a promessa quebrada e o conto é este:


— Prometo — gritava o político, em plena campanha eleitoral, agitando os braços como se só assim conseguisse agitar as massas — que o futuro será amanhã!
As massas, apesar de relativamente agitadas, ficaram na expectativa. Amanhã era muito cedo. Seria que o político iria conseguir cumprir a promessa? E se a quebrasse? Ná. Melhor ficar céptico, sem acreditar totalmente, mas também sem descrer por completo porque... enfim... sempre podia ser que... enfim...
O político acabou eleito. As massas esperavam ainda, mas já menos agitadas, pois com o ritual de colocar um papel numa caixa acabava a sua participação nas coisas. Se o futuro iria ou não ser amanhã, ficaria apenas a cargo do político.
Passou-se tempo, o amanhã chegou. É hoje.
E do futuro nem sinal. Só houve mesmo direito ao presente.
Vá-se lá acreditar nos políticos, resmungam as massas, entredentes.

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