quarta-feira, 22 de julho de 2009

Conflito e conteúdo segundo Rui Tavares

Sejam quais forem as outras qualidades que tem, que as terá certamente com fartura, Rui Tavares é acima de tudo um excelente cronista. Nos últimos tempos, sem dúvida fruto da campanha eleitoral e da montanha de trabalho que imagino que terá tido para se preparar para ocupar o seu lugar no Parlamento Europeu, tem-me parecido que tem descurado um pouco as crónicas no Público, mas na de hoje voltou ao seu melhor nível. E é de facto um nível muito elevado.

Quando a publicar no blogue, coisa que que costuma acontecer poucos dias depois da edição no jornal, farei aqui o link que lhe é devido, mas até lá não resisto a citar um par de passagens:

"Todos nós somos mais complexos individualmente do que em interacção com os outros. Quer dizer que as nossas ideias são mais vagas, mais confusas e menos concretas do que quando nos colocamos em conflito. Em conflito, de repente, já todos nós somos certezas, vontades inequívocas e dogmas. Basta haver uma discussão para nos revelarmos assim.
[...]
Não paramos para nos perguntarmos "se somos tão diferentes como pode ser que lutamos pela mesma coisa?" Não; enquanto se calcificam em nós as certezas sobre as nossas próprias qualidades, o adversário vai já adquirindo na nossa cabeça características cada vez mais condenatórias."


Como seria de esperar, ele passa destas considerações gerais para o campo político, e fá-lo de uma forma soberba. Se puderem, não deixem de ler.

Excelente, Rui. Simplesmente magnífico.

Adenda: e já lá está. Podem ir ler.

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