A Consoada é um continho neorrealista e natalício de Carlos Malheiro Dias. Ambientado entre gente pobre, traça um quadro trágico de amor familiar. Uma mãe e uma filha, nas vésperas de Natal, esperam o pai que anda por fora a fim de comprar à filha um par de argolas para as orelhas... mas o pai nunca mais chega, e as duas vão-se enchendo de angústias, apesar da mãe as esconder na tentativa de sossegar a filha. Nenhuma delas, no entanto, consegue evitar imaginar cenários; e se o homem foi atacado por ladrões? O drama completa-se quando o marido e pai chega, transportado a braços por outros homens, como morto.
Não desgostei. Embora seja muito curto, apenas com quatro páginas, o ambiente do conto está bem construído, com uma notável economia de meios. Apesar de haver alguma previsibilidade, em grande medida devido à necessidade de preparar as coisas para os elementos do enredo não parecerem caídos do céu por não terem unhas o que, num texto tão curto, faz com que falar-se da possibilidade de vir a dar-se o sucedido X, por isto e por aquilo, torne altamente provável que X venha mesmo a suceder, apesar disso essa previsibilidade não é completa, o que mantém de pé o interesse no conto até final. Claro: está longe de ser o tipo de história que mais me cativa. Mas não dei por mal empregado o tempo gasto a lê-la.
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