sexta-feira, 31 de maio de 2013

Porque vou estar amanhã na rua


Em boa verdade, desta vez tinha ótimos motivos para ficar em casa. Tenho andado com um ataque de lumbago que ainda esta semana me obrigou a passar dois dias deitado e, embora já esteja bem melhor, se calhar ainda não devia pôr-me a andar pela cidade, sujeito a todos os frios e ventos que o clima possa decidir atirar-me para cima. E tenho a velhota doente, às voltas com uma infeção pulmonar. E tenho montes de coisas para fazer. E... e... e...

Mas vou estar amanhã na rua.

Porque este é o pior governo que o Portugal democrático já sofreu e urge pôr-lhe fim o quanto antes.

Porque, embora saiba perfeitamente que não serão só manifestações a pôr fim a esta catástrofe, todo o atrito é útil, e às vezes as manifestações até conseguem anular algumas partes da desgraça. Sem manifestações haveria TSU. Sem manifestações ainda teríamos a vergonha nacional de termos de aturar uma criatura como o Relvas como ministro. Sem manifestações, talvez o CDS não estivesse ainda com um pé dentro e outro fora do governo e da coligação.

Porque, ao contrário do que gostariam muitos dos criptofascistas que por aí andam, a democracia não se resume ao momento em que se deposita o voto numa urna, antes inclui todas as formas de participação cívica, que serão tanto mais relevantes quanto mais resultados produzirem e mais gente envolverem.

Porque quero estar em todos os espaços de unidade que possam contribuir para juntar gente de diversas sensibilidades para a ação comum contra inimigos comuns.

Porque se eu não lutar por aquilo em que acredito, ninguém lutará por mim. Aquilo em que eu acredito é aquilo em que eu acredito, não fulano ou beltrano. Esses lutarão por aquilo em que eles acreditam, que pode coincidir em parte com o que me move a mim mas só muito dificilmente coincidirá por inteiro.

Porque se com luta a vitória é incerta — mas possível —, sem luta a derrota é certa.

E, acima de tudo, porque desta vez se trata de uma manifestação europeia. São os povos da Europa que vêm para a rua, juntos, por causa de problemas que também são europeus. Contra uma política imbecil de políticos imbecis que governam não só os respetivos países mas também as instituições europeias. Estamos juntos neste barco e é juntos que temos de tomar-lhe o leme.

Nem que seja apenas para decidirmos seguir cada qual para seu lado.

E é por isto que amanhã estarei na rua. Encontramo-nos lá?

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