Fim-de-Semana é um conto de Fay Weldon, escritora inglesa de que nunca tinha lido nada. E devo dizer que não fiquei com grande vontade de ler mais alguma coisa. Sim, o conto está bem escrito, sim, percebe-se bem a ideia, mas...
... mas comecemos pelo princípio.
O conto é, basicamente, um longo queixume. O pretexto é descrever o fim-de-semana de uma família da média ou alta burguesia inglesa e alguns amigos, passado na casa de campo da família. Como a burguesia será suficientemente alta para ter uma casa de campo, mas não o suficiente para nela ter criados, quem faz tudo é a mulher. E é a mulher que seguimos, na sua labuta, no seu ressentimento, nas suas ideiazinhas de burguesa dona-de-casa perfeita, ai meu deus que eu não descanso, nas suas rivalidadezinhas, inimizadezinhas, irritaçõezinhas com outras mulheres, e ai meu deus que há tanto para fazer, nos putos, na preparação da comida, nos vou-jás, nos agora-não-possos, nos...
Arre!
Insuportável. Insuportável, quer a autora, a vida da protagonista. Mas o que é realmente insuportável é a protagonista. E o conto. Porque boa parte daquele afã só existe porque ela quer. Porque ela quer passar a imagem de dona de casa perfeita. Deseja a autora que comiseremos com a pobre. Só que a pobre é uma burguesa estúpida, com uma vida que ela própria complica e que mesmo assim é muito mais fácil do que as de milhões e milhões de oturas mulheres. O problema dela é atarefar-se na casa de campo, coisa que a grande maioria não faz porque não tem posses para casas de campo. A sério? Quero lá saber das crisezinhas dos privilegiados. E assim, um conto que a autora provavelmente desejava que fosse uma denúncia do machismo da sociedade transforma-se num exercício de autocomiseração que não desperta a solidariedade de ninguém.
Exceto, talvez, de quem se identificar com a personagem: outras burguesinhas com vontade de passar a imagem de donas de casa perfeitas. Em suma: bah!
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