O Arqueólogo é um conto de António Cabral que faz o leitor regressar ao Douro e aos tempos da ditadura. Falando embora de amor, apesar de ser uma daquelas histórias sobre "como nos conhecemos" que todos os casais acabam mais tarde ou mais cedo por contar a filhos ou amigos, na verdade é bastante mais que isso. A meu ver, pelo menos, o essencial aqui é a história de opressão, repleta de suspeitas e clandestinidades, sobre contactos subversivos, desejos de fuga à guerra colonial, bufos e prisões, desenfreada exploração laboral e a vida que apesar de tudo continua. Ou seja: a atmosfera carregada, opressiva, dos tempos fascistas, bastante bem retratada, é, parece-me, a verdadeira protagonista desta pequena história. Gostei bastante, apesar de mais problemas com as vírgulas (o conto começa "Viu-a pela primeira vez, através da vidraça do café") e de um ou outro arroubo poético que me pareceu algo excessivo.
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