Os Irmãos Gémeos (bibliografia), de Hugo Rocha, é uma interessante variação do tema do gémeo mau contra o gémeo bom, já bastante batido na literatura fantástica e de horror. Aqui, o gémeo bom sobrevive ao mau, e a morte do irmão, apesar de lhe causar a dor da perda de um familiar (ou não fosse ele bom), também lhe fornece alívio, uma certa libertação, pois o irmão dominara-o desde a mais remota infância. O pobre homem pode por fim viver a sua própria vida, e é o que faz, chegando mesmo a casar-se. Mas é então que as coisas correm mal: o fantasma do irmão, que só ele consegue ver, regressa de além-túmulo e começa a aproveitar-se da vda que o gémeo vivo conseguira construir para si, até tudo descambar em loucura, pelo menos aparente, e morte. Apesar do estilo de Rocha continuar a não me agradar por aí além, até gostei de ler este conto. Provavelmente já me habituei ao estilo, e isso ajuda. Quanto à ideia, mesmo sem ser inteiramente original tem inovação suficiente para lhe conferir interesse. O enredo e a abordagem é que poderiam ser um pouco menos clássicos; a técnica do amigo que conta a história tal qual a conhece, e que nela acredite quem quiser, é um cliché das histórias insólitas que já vem pelo menos desde o século XIX. É certo que continua a funcionar. Mas não deixa de ser cliché por isso.
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