A Carta de Ronaldinho é outro continho de Mia Couto sobre a normalidade e a sua ausência, sobre a imaginação e a realidade, sobre a miséria e sobre o sonho. Conta a história do velho Filipão Timóteo, frequentador de um bar onde ia assistir aos jogos de futebol na televisão que nele não havia. O bar era pobre, quase miserável, um balcão e pouco mais. Nada de aparelhos televisivos, a não ser que contassem os que Timóteo desenhava e nos quais assistia sozinho mas cheio de entusiasmo aos jogos que ele mesmo inventava. E também aqui, como em outros contos, a poesia feliz do endoidecido contrasta com o embaraço dos demais. Também aqui tentam demovê-lo, trazê-lo para a realidade consensual de que se alheara, mas o velho recusa, para o que se apoia numa carta.
É outro bom conto, ainda que me pareça faltar-lhe a eficácia que encontro noutros e embora me tenha parecido algo repetido em tema e abordagem a alguns desses outros. Não foi dos que mais me agradaram, portanto. Mas isso está longe de o tornar mau.
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