Pêndulo (bibliografia) é uma estranhíssima noveleta de ficção científica de A. E. Van Vogt sobre uma peculiar invasão alienígena. O protagonista é um tal Hud, ou Hudman, americano filho de pais imigrantes que tem o peculiar costume de traduzir todas as conversas que vai tendo (ou quase) para frísio. Para quem não sabe, trata-se de uma língua regional falada no norte da Holanda e em certas áreas da Alemanha. Talvez tenha sido esse hábito a transformá-lo no alvo ideal para uma espécie extraterrestre muito preocupada com a linguística, que o contacta telepaticamente, fazendo-o depois, sem que se chegue a perceber bem como, andar para trás e para a frente no tempo (daí o "pêndulo" do título) e funcionar assim como uma espécie de embaixador relutante dos alienígenas. Só que a invasão, que os alienígenas justificam por ser a sua única possibilidade de sobrevivência, só poderá ter sucesso se conseguirem suprimir a "memória racial" dos diversos ramos da humanidade (num aparte: hoje, esta expressão tão negativamente carregada não seria usada de ânimo tão leve), e para isso necessitam de fazer esquecer a miríade de línguas que falamos para passarmos a usar uma única língua lógica.
Embora algo duvidosa no que toca aos aspetos mais políticos, esta é uma história literariamente complexa e que parece até talvez ser boa. Parece. Talvez. É que está traduzida pelo Eduardo Saló, uma das mais famigeradas bêtes noires da tradução de FC em Portugal.
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