A Corte a Dinah Shadd, conto razoavelmente extenso de Rudyard Kipling, é daqueles contos que das duas uma: ou têm de ser lidos na língua original, de tal forma peculiares são as soluções estilísticas usadas pelo autor para chegar aos resultados que pretende, ou então têm de passar por uma tradução feita com pinças, imaginação, muito talento e as adaptações necessárias para trasmitir para a língua de destino, se não exatamente o efeito pretendido, pelo menos algo de muito semelhante. A história divide-se entre uma primeira parte em que são relatadas algumas movimentações militares, e uma segunda que consta de uma conversa entre o narrador e um seu camarada de armas, durante a qual este lhe conta como fez aquilo a que o título faz referência: a corte a uma tal Dinah Shadd, arrebatadora de corações castrenses.
Kipling usa extensamente uma grafia e estruturas gramaticais que se destinam a plasmar no texto os oralismos do dialeto irlandês, o que só por si transforma este conto num pequeno pesadelo de tradução. O resultado, no original, provavelmente será bom (afinal de contas, Kipling é escritor nobelizado), mas a verdade é que não sei se porque a camioneta da tradutora ficou positivamente soterrada por baixo de uma gigantesca montanha de areia, aquilo que aparece nesta tradução portuguesa é um bom bocado tosco. Não foi leitura que me deixasse bem impressionado.
Conto anterior deste livro:
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