O Tiro é um conto de Alexandr Pushkin que, embora se desenrole em ambiente militar, pouco tem a ver com a guerra, em mais um exemplo de tiro mais ou menos ao lado dado por quem escolheu os textos para estas pequenas antologias.
É um conto interessante sobre a vingança e, mais ainda, sobre as limitações da violência para resolver questões de honra e, por extensão, quaisquer outras. Como muitos outros contos oitocentistas, este é contado na primeira pessoa por um narrador-testemunha, em jeito de depoimento sobre factos acontecidos. O protagonista é um soldado, particularmente reverenciado pelos camaradas de armas pela sua intrepidez que, no entanto, deixa passar sem o duelo que se diria inevitável um insulto à sua honra. Isto na primeira parte do conto. Passam-se anos. Na segunda parte vamos reencontrar o narrador noutra fase da vida, já não soldado mas agricultor pobre, e é-nos revelada o resto da história de uma forma algo inverosímil, diga-se, por um certo excesso de coincidência.
Um conto bastante típico de uma época (está incluído num livro editado em 1831) e que por isso poderia talvez correr o risco de ficar algo datado, mas que quando se escava um pouco mais consegue conservar a relevância razoavelmente intacta até aos dias de hoje porque embora os homens já não resolvam todas as questiúnculas com duelos, a violência persiste e mantém as suas limitações como forma de resolver problemas.
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