Mas o que encontra, pelo menos a princípio, são dois miúdos, órfãos e estranhos, habituados a cuidar de si mesmos, contra ventos e marés. E acolhe-os, a contragosto, enquanto vai congeminando formas de se servir deles.
É uma premissa curiosa, que dá uma história com o seu interesse e poderia resultar numa muito boa. No entanto, não resulta. Esta história de Pedroso é prejudicada por uma prosa com demasiadas falhas, tanto estilísticas como em questões menos óbvias, como o ritmo ou a forma de caracterizar as personagens, o que faz com que acabe por não ser mais que razoável. Porquê? Eis um exemplo, escolhido perfeitamente ao calhas, abrindo o livro e selecionando a frase em que os olhos caíram, que por isso não é a melhor frase do texto mas também está longe de ser a pior:
"Isso era tudo o que o homem não precisava. Duas crianças a importuná-lo mas mesmo assim perguntou:"Percebem o que está aqui mal? Existe uma sequência lógica entre a primeira frase e o princípio da segunda que é mais forte do que entre o princípio e o fim desta. Não funciona. Estas duas frases já ficariam mais agradáveis à leitura com uma mera alteração na pontuação. Assim:
"Isso era tudo o que o homem não precisava: duas crianças a importuná-lo. Mas mesmo assim perguntou:"Mas melhor seria fazer mais umas alterações. Por exemplo:
"Duas crianças a importuná-lo. Era mesmo disso que não precisava. Mesmo assim, perguntou:"É pena. A ideia do conto poderia resultar num texto realmente forte, mas por causa deste tipo de coisa fica aquém.
Contos anteriores deste livro:
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