sábado, 19 de setembro de 2015

Lido: Ladislau Ventura

Ladislau Ventura é outro continho de uma página de Mário de Sá-Carneiro que, à semelhança do anterior, também tem muito de estudo de personagem. Mas este é mais do que isso. Não só conta uma história, os comos e os porquês de Ladislau Ventura, escritor titubeante, desejoso de subir à ribalta literária, mas impedido de o fazer por um sistema que lhe diz que não, acabar por pôr termo à vida, como o faz de uma forma carregadinha de uma ironia corrosiva que tem como alvo o modo como funcionava o meio literário daquele tempo (o conto é de 1908).

Mas que digo? Daquele tempo? Não. O modo como funciona o meio artístico ainda hoje; quantas vezes vimos já, na literatura, na música ou em outras formas artísticas, que é a morte a trazer um sucesso que a vida tão frequentemente renega? É esse o tema deste conto, que também é um aviso precoce das decisões que o autor viria a tomar alguns anos mais tarde.

Se achei Maria Augusta medíocre, neste conto encontrei muitos mais motivos de interesse. Melhor até que o primeiro.

Contos anteriores deste livro:

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