Eis-nos perante aquele que é o conto mais eficaz que este livro contém até agora. Passado algures na Margem Sul do Tejo, num tal "Planalto Verde" que parece ser ficcional mas estaria sob a responsabilidade operacional da PSP do Montijo, A Sagração da Primavera lê-se quase como parte de um episódio da série Mentes Criminosas. O foco, porém, está não na investigação criminal propriamente dita, mesmo sendo a história protagonizada por polícias, mas no horror psicológico.
A escrita de Ricardo Lopes Moura é também ela eficaz, relatando com segurança como um carro de polícia sobe ao tal Planalto Verde com a missão anual de cortar os arrebatamentos aos adolescentes que têm como tradição subir ao local, aos pares, nos carros dos papás, a fim de celebrar o fim das aulas com sexo e rock and roll (Moura só não menciona as drogas que completariam a célebre tríade). Mas o que os polícias vão encontrar naquele ano não é o costume, e mais não digo porque boa parte do que faz mover o conto e lhe dá força é o desvendar do acontecido e das suas causas.
Embora o cenário seja razoavelmente cliché e um pouco mais americano do que português, este conto funciona bastante bem porque todas as peças de que é feito se encaixam harmoniosamente. Trata-se, acima de tudo, de um conto bem construído.
Contos anteriores deste livro:
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