Alexandra Pereira dedica esta história a Gabriel Garcia Márquez, deixando desde logo clara a origem de parte da inspiração para a escrever. Com efeito, no ambiente traçado para Feitiço de Dona Divina há qualquer coisa de Macondo, e uma espécie de realismo mágico razoavelmente surreal embebe todo o conto, que no entanto se foca uma vez mais em coisas bem mundanas: um protagonista inventor e mulherengo e o despeito da mulher legítima e demasiadas vezes abandonada ou traída, o que a leva a procurar os serviços da Dona Divina do título, feiticeira das mais poderosas. À semelhança do primeiro conto, a qualidade do português é superior à do enredo, ainda que este conto seja a meu ver bastante melhor, não só porque todo o ambiente está bastante mais sólido (o que é curioso, tendo em vista que é bem mais fantasioso), como porque não existem aqui problemas com a inverosimilhança dos diálogos, os quais, de resto, quase não existem.
Conto anterior deste livro:
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