quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Lido: O Índio de Vilacamba

Mais um conto de Alexandra Pereira, mais uma dedicatória a um ilustre falecido, cabendo desta vez a algo duvidosa honra a Eugénio de Andrade. Não vislumbro porquê, contudo, pois o conto ambienta-se na América do Sul andina, num tempo mais ou menos presente em que o mundo moderno e as suas personagens ocidentalizadas continuam ainda a colidir com os mundos tradicionais e indígenas, que muitas vezes malentendem os seus usos, costumes e objetos. Pelos veios de poesia que atravessam a prosa, talvez? Não me parecem suficientes, mas quiçá.

Mas voltemos à história. É de um desses malentendidos entre o mundo moderno e o tradicional que nos fala O Índio de Vilacamba, e sim, é mesmo o índio de Vilacamba que nos fala, em primeira pessoa, relatando dois contactos com forasteiros. A uns serviu de guia para a ascensão de um certo cume. Outros deram-lhe um presente que leva ao desfecho da história por intermédio do tal malentendido.

Este é um conto fantástico, ainda que durante a maior parte da leitura não o pareça. Um conto mágico-realista que depende em parte do efeito surpresa do final para funcionar a contento. E sim, funciona a contento.

Contos anteriores deste livro:

2 comentários:

  1. eu conto-lhe o porquê: é por causa de um poema de eugénio sobre as palmeiras que chegam em contentores de navios vindas do outro lado do mundo...

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    1. E finalmente percebi as dedicatórias: fazem as vezes de epígrafe. Foi uma coisa que me confundiu (e divertiu) ao longo de toda a leitura.

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