terça-feira, 29 de agosto de 2017

Lido: Que Pena!

As opiniões divergem, e muito há por aí quem eleja a série da Fundação (minto: a trilogia original da Fundação, o que não é bem a mesma coisa) como os melhores livros de Isaac Asimov. Parece-me ideia inteiramente válida, mas para mim as obras que realmente resumem quem foi Asimov como escritor — um escritor frio, cerebral, de estilo direto, unicamente interessado em contar uma história na qual explora intelectualmente um determinado problema — são os seus contos sobre os robôs de cérebros positrónicos.

E este Que Pena! (bibliografia) é um deles. Mas é um deles de uma forma um pouco incaracterística, parecendo de certa forma uma fusão entre a série dos robôs positrónicos e a da Viagem Fantástica. Nele encontramos o robô MIK-27, ou Mike, e o seu dono, um homem gravemente doente com um cancro, que decide entregar-se nas competentes mãos de Mike, de um Mike miniaturizado, para ser operado. Só que há um senão: a miniaturização está sujeita a incertezas quânticas, tanto mais graves quanto mais miniaturizadas forem as coisas, e por isso a operação comporta um risco significativo ligado à expansão descontrolada do robô-cirurgião.

E claro que esse problema vai ter de ser resolvido de acordo com as Três Leis da Robótica.

Este é um conto interessante de ficção científica, claro. Mas não é dos melhores, em grande medida porque a exposição do problema, que ocupa a maior parte do conto, já fornece pistas fortes sobre o desfecho que a história acabará por ter, pelo menos para os leitores já familiarizados com a espécie de dilemas morais que envolvem as Três Leis. Um neófito talvez tenha uma perspetiva diferente, mas confesso que este conto me soube a pouco. E o facto de já o ter lido (há algumas décadas, mas mesmo assim) e não me lembrar absolutamente nada dele também quer dizer qualquer coisa.

Conto anterior desta publicação:

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