A revista científica britânica Nature publica regularmente (embora com alguns hiatos) desde 1999 pequenas histórias de ficção científica, muitas delas escritas por autores de relevo no género, um pouco à semelhança do que se fez em Portugal com a Omnia, nos anos 80 (que por sua vez foi inspirada por igual abordagem por parte da americana Omni). Há alguns anos (ver nota), parte destas histórias foi disponibilizada pela revista na web, em ficheiros pdf, e eu descarreguei-os e deixei-os no meu disco à espera de oportunidade ou vontade para lhes pegar e os ler. Durante anos.
(Nota: Hoje, todas estas histórias estão disponíveis no site da revista, não só em html mas também em pdf)
A Man of the Theatre, de Norman Spinrad, é uma dessas histórias, datada de 2005. Ambientada num futuro (naturalmente) em que o teatro está obsoleto, substituído por espetáculos bem mais imersivos em realidade virtual, a história consiste de divagações por parte de um velho homem de teatro, desgostado e revoltado com a decadência da sua arte e decidido a fazer um derradeiro gesto adequadamente dramático para fazer lembrar ao mundo que essa arte existe.
É uma boa história, mas apenas boa. Tem o tal problema típico das histórias que procuram condensar mundos complexos em uma ou duas páginas e por isso acabam por se resumir a uma longa explanação do ambiente para situar o leitor, dedicando pouco ou nenhum espaço a verdadeiro enredo. Histórias assim têm de ser muito bem feitas para terem real impacto, e não creio que esta o seja. Não é má, é interessante, mas falta-lhe algo para chegar ao muito bom.
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