Para quem anda a escrever tão pouco (ha! pouco, diz ele, quando devia dizer nada), até tenho publicado bastante, e sempre fora de portas. Desta feita foi em espanhol e, ao contrário das coisas que publiquei em inglês, não fui eu a traduzir.
(A propósito, abro um parêntesis para dizer que as coisas em inglês passaram por um hiato por falta de tempo para fazer as traduções, e também porque os temas que a SciFanSat tem tido não têm combinado bem com nada que eu tenha aqui, mas tenciono voltar a mandar-lhes coisas assim que esses dois empecilhos se afastem. Fecha parêntesis.)
O conto é ficção científica, chama-se no original O Jogo dos Deuses, foi publicado no Em Órbita há já uma carrada de anos, em espanhol ficou, claro, El Juego de los Dioses, vem ilustrado com a imagem que veem ali em cima (um tanto ou quanto infiel à história, aviso desde já) e está disponível aqui, no Microficciones y Cuentos onde uma vista de olhos rápida à lista de autores informa que também se podem encontrar coisas do João Ventura, de vários brasileiros e de uma multiplicidade de escritores um pouco de todo o planeta, alguns deles com nomes sonantes.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2025
E mais um continho em ingl... não, espera... em espanhol, agora é em espanhol
quarta-feira, 10 de dezembro de 2025
E se...
"E se". A questão primordial do meu género literário favorito, e a primeira coisa que um tipo que escreve seja o que for pergunta a si próprio. "E se eu tentasse escrever isto? Conseguiria?" "E se fosse possível condensar estas ideias avulsas numa espécie qualquer de todo, o mais coerente que for capaz?"
Ou "e se eu voltasse a escrever no blogue?"
Afinal, o mastodonte já me saiu de cima, tenho um pouco mais de tempo do que tinha. Já tenho outro mastodonte na rampa de lançamento, mas por agora está mais ou menos amestrado, mais ou menos controlado. Já podia ter cá voltado há algum tempo, e tive vontade de o fazer, mas demorei-me por vários motivos.
Isto, se chegar a ser publicado (e se alguém estiver a ler estas palavras pelos vistos foi), responde à vontade e põe ponto final na demora. Voltei a escrever no blogue, portanto.
A toupeira espreitou da toca. Por uma vez sem exemplo?
E se tentasse publicar qualquer coisa com regularidade? Digamos, dia sim, dia não? Conseguiria? Ou rapidamente se me esgotaria o combustível?
Veremos.
domingo, 13 de julho de 2025
E mais um continho em inglês
E de novo é um conto que foi publicado em português aqui na Lâmpada. Este é um bocadinho mais extenso, e foi bastante mais exigente em termos de tradução. Confesso que não gostei muito do resultado — sinto que não consegui fazer com que a versão inglesa cumprisse tão bem como a portuguesa todos os objetivos que tentei alcançar com o conto. Mas eles gostaram, pelo menos o suficiente para mo publicarem, portanto suponho que não me saí inteiramente mal da empreitada.
Ficou a chamar-se em inglês "Ripples Upon the Cosmic Background", e pode ser lido aqui. Se preferirem descarregar a revista e ler offline, vão à página principal, em scifansat.com, puxem para baixo e cliquem no botãozinho que diz "download".
Quem o prefira em português, ou queira comparar uma versão com a outra, tem-no disponível aqui, como "Ondulações Sobre o Fundo Cósmico".
E agora volto a mergulhar na toca. Quando conseguir voltar à tona, apareço por aí. Até lá.
domingo, 1 de junho de 2025
Outro continho em inglês
Mas não quis deixar passar isto. É que o escassíssimo tempo disponível ainda me vai dando para ir traduzindo uns continhos meus para inglês. E, depois de um conto minúsculo apresentado, aceite e publicado, um conto um pouco maior apresentado mas rejeitado e uns meses em que não achei correspondência entre os temas e coisas que tivesse escritas com um tamanho suficientemente pequeno para que valesse a pena e eu tivesse oportunidade de tentar traduzi-las, eis que voltei a mandar uma historinha à SciFanSat, e ei-la publicada no último número.
O tema é "desastre", o que me calha mesmo bem para umas coisinhas de FC distópica que fui escrevendo ao longo dos anos. Esta, de resto, é uma versão levemente alterada (e em inglês, obviamente) de um conto publicado aqui mesmo na Lâmpada, em 2020. Chama-se A Gargalhada, e está aqui. E quanto à SciFanSat, se preferirem ler em ingês ou tiverem curiosidade de ver quais são as alterações, está aqui. Podem ir diretamente para o número atual e ler online, aqui, ou podem puxar um bocadinho para baixo e descarregar este número da revista (e todos os outros), em PDF ou em EPUB.
Divirtam-se. Ou não. É convosco.
quarta-feira, 5 de março de 2025
Paulo da Costa: In the News
É uma história curiosa. Um daqueles contos do quotidiano que seguem as vidas de pessoas banais, procurando assim, dessa forma impressionista, traçar um retrato mais amplo da condição humana. No caso de In the News, os protagonistas são três, muito diferentes uns dos outros, a viver vidas que não se intersetam mas são intercaladas por manchetes noticiosas. Como quem diz que o mundo lá fora existe, e é só um e toca-nos a todos, mas de formas diferentes.
É uma verdade um tanto ou quanto lapalissiana, mas se calhar não faz mal nenhum lembrá-la, porque parece que há por aí gente que julga que o mundo é só aquilo que orbita o seu umbigo.
Especialmente quando a forma de o fazer está bem feita. Um protagonista morre? Acontece. Os outros dois continuam a viver as suas vidas em aberto, sem fim à vista. Não sou, confesso sem problemas, grande fã de finais em aberto, mas quando eles servem para vincar uma ideia, como aqui, não tenho nenhum problema com eles.
Gostei deste conto. Não é o tipo de literatura que mais me agrada, de uma forma geral, pelo que não posso dizer que tenha gostado muito. Mas gostei.
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
Mark Cox: Parakeet
Embora a paisagem mude, continuando a ser americana mas transferindo-se para os campos de milho do Kansas, este é de novo um texto cheio de vazio criado pelo que esteve mas já não está. Pelo que existiu mas já não existe. Pelo que viveu mas já morreu. Um texto melancólico que, mais uma vez, falhou em atingir-me as alavancas do gosto da forma mais eficaz, embora me tenha levado a gostar de algumas das suas características.
E como eu pouco percebo de poesia, blá blá blá.
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
Mark Cox: Sill
Incluindo o facto de não me lembrar de todo de o ter lido pela primeira vez. E incluindo o facto de muito rapidamente a memória de o ter lido da segunda se começa a desvanecer.
E incluindo o facto de, apesar disso, até o ter achado relativamente interessante.
É outro poema cheio de quotidiano, que parte da morte de uma tia-avó e das mudanças que ela traz para tentar chegar a alguma espécie de entendimento do sentido da vida através do efeito que isso tem na sobrinha-neta. Gostei bastante da capacidade que Cox mostra de construir uma atmosfera complexa em muito poucas palavras, mas não foi realmente um texto que me tivesse acionado os botõezinhos do gosto da forma mais completa.
O que, como eu de poesia pouco percebo, deverá ser para Cox completamente igual ao litro. E para vocês também.
sábado, 1 de fevereiro de 2025
Mark Cox: Natural Causes
Natural Causes é uma pequena reflexão sobre os pequenos acasos de que é feita a vida. A vida e a memória, o que talvez explique em parte o motivo de eu ter achado interessante este poema de Mark Cox, uma vez que tem ligação direta com o motivo por que estive a relê-lo. Não me parece que seja muito bom (mas que sei eu de poesia?), mas tem interesse, o que por vezes é melhor do que ser bom.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Janet Homer: Family Trees
Por outro lado, eu pouco percebo de poesia, pelo que é perfeitamente possível, ou até provável, que esta seja uma obra de grande nível, com demasiada areia para a minha pequena camioneta.
Reginald Bretnor: Unknown Things
Unknown Things é, pois, uma história muito clássica. Uma daquelas histórias de ficção científica (e fantasia, género onde até talvez sejam mais comuns) centradas na estranheza de uma personagem bizarra, que o protagonista principal, por vezes o narrador, procura decifrar.
Li várias histórias dessas ao longo dos anos e esta, embora esteja contada com eficácia, em nada se destaca das outras.
O protagonista-narrador, aqui, é um vendedor de antiguidades americano que todos os anos passa uma temporada na Grã-Bretanha e na Europa continental à procura de coisas que possa levar para a América para vender. É numa dessas viagens que conhece a personagem misteriosa, um tal Hoogstraten (não me passou despercebido que o apelido dele comece da mesma forma que eu decidi batizar os meus ETs no Embaixadores, o que pode ter tingido um pouco a primeira opinião que a personagem me causou), e o conto prossegue a narrar o que acontece nos encontros entre os dois.
Hoogstraten é aquilo a que se costuma chamar um excêntrico. Podre de rico, aparentemente, paga exorbitâncias por qualquer objeto que lhe caia no goto. Mas procura um tipo muito específico de objeto: coisas de utilidade misteriosa que nem ele, nem os vendedores, consigam determinar qual possa ser.
O conto está construído por forma a preparar o final surpresa, que envolve uma terceira personagem, uma mulher que parece estar nalguma espécie de relação com o excêntrico e deixa o vendedor completamente obcecado. Também o final surpresa é eficaz mas, de novo e para não destoar do resto do conto, não particularmente entusiasmante. Um conto decente, mas apenas isso.
domingo, 26 de janeiro de 2025
Um continho em inglês
Ganho a vida com a língua inglesa já vai a caminho de duas décadas. Apesar disso, nunca me senti competente para fazer traduções de português para inglês, pelo que nunca tentei traduzir nada do que fui escrevendo para apresentar a publicações do legendário "lá fora". Os créditos de publicação em inglês que tenho chegaram por intermédio de traduções alheias, particularmente a do Luís Rodrigues para o conto que publiquei na Nemonymous, uma das primeiras publicações pagas que tive, se não mesmo a primeira (francamente, agora de repente não me lembro e não tenho tempo para ir investigar). Houve algumas coisas que escrevi diretamente em inglês, mas sempre achei isso mais fácil do que fazer a tradução do português, o que pode parecer não fazer grande sentido mas para mim faz.
Fast-forward (pá, está-se a falar de cenas em inglês, deixem-me lá) para finais do ano passado, quando descobri a SciFanSat, uma publicação que publica material desde os mais minúsculos minicontos até histórias de bom tamanho (e poemas, também) em edições temáticas mensais.
E eu pensei qualquer coisa do género: "olha, estes tipos publicam coisinhas minúsculas... e se eu experimentasse traduzir alguma das minhas?" Sim, porque se eu fosse experimentar fazer a tradução das minhas coisas para inglês começaria sempre por qualquer coisa pequena. Para testar as águas, para ver como me saía. Para verificar se os anos de trabalho com a língua me deixaram mais capaz de o fazer do que da última vez que tentei, sem que com isso gastasse demasiado tempo. Ou perdesse demasiado tampo, para o caso da empreitada não ter o sucesso desejável.
Vai daí, quando apareceu o tema do tempo eu lembrei-me de um continho minúsculo e inédito que aqui tinha. Traduzi-o (foi rápido e indolor), apresentei-o. Fiquei à espera.
E foi publicado ontem.
Uma História de Falta de Tempo, no título original; A Story of Lack of Time, assim ficou a chamar-se em inglês.
O site da revista, para quem quiser verificar, está aqui. E este é o link direto para o número 18.
Michael Garcia Spring: Path to the Lighthouse
Apesar disso, achei este poema de Michael Garcia Spring bastante interessante, em grande medida pela capacidade que tem de evocar uma paisagem muito característica de uma geografia onde eu nunca estive mas que até conheço de a ter visto numa variedade de écrans.
Path to the Lighthouse é uma exploração fantasiosa e surreal, até um tanto ou quanto onírica, da costa ocidental da América do Norte, algures entre o norte da Califórnia e a Colúmbia Britânica. Sim, sobre essa paisagem paira a figura fantasmagórica de uma mulher. Mas o importante é mesmo, parece-me, a paisagem propriamente dita.
Mas lá está: posso perfeitamente estar completamente errado. Afinal, eu pouco percebo de poesia.
segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
Andrew L. Wilson: Ariel Sharon's Dream
Não me lembrava dos pormenores, dos detalhes de enredo, mas sim, lembrava-me de o ter lido e do clima geral desta breve história de Andrew L. Wilson. E também me lembrava de ter gostado, o que foi coisa rara no período que antecedeu o meu piripacozinho. Refiro-me a lembrar-me do que lia e também a gostar do que lia.
Ariel Sharon's Dream só é sonho na medida em que talvez fosse o sonho de Wilson: ver Sharon morto. Não só vê-lo morto, mas reencarnado na pessoa de uma das suas vítimas, um palestiniano, órfão ao nascer em consequência direta da ocupação israelita da Palestina, da opressão israelita na Palestina, que acaba assassinado, aos dez anos de idade, por uma bala disparada por soldados israelitas na Palestina. Um algoz a viver a breve vida de uma das suas vítimas.
Sim, gostei mesmo deste conto. Quando o li, e agora, ao relê-lo.
E agora ao relê-lo não consegui evitar interrogar-me sobre o que sentirá Andrew Wilson, se ainda andar por aí, ao ver que hoje, vinte anos depois, alguém ainda pior que Sharon dirige um genocídio ainda mais mortífero na mesma terra amaldiçoada por decisões tomadas há muitas décadas em salas aquecidas a milhares de quilómetros de distância.
domingo, 5 de janeiro de 2025
Jack Smith: Dread
Sim, Dread é um conto. Um conto de alguém com um nome tão genérico que quase parece pseudónimo: Jack Smith. Um conto muito americano, escrito em inglês (a revista é portuguesa, mas todos os textos finais estão em inglês), com uma atmosfera de realismo mágico cheia de foreshadowing. O protagonista, um vendedor de seguros em plena crise existencial, decide num impulso fazer gazeta ao trabalho (que odeia, embora pareça odiar mais os colegas que o trabalho) para pensar sobre a vida vazia que vive. E é basicamente sobre isso, o conto: o vazio da vida de um trabalhador de colarinho branco, enfiado até ao pescoço nas areias movediças do corporativismo americano. Vale uma tal vida a pena ser vivida? Smith parece achar que não, embora o seu protagonista não tenha grandes certezas. Ele detesta-a, sim, mas que alternativa existe?
O foreshadowing chega ao volante de condutores perigosos, armados daquelas tão americanas aberrações de quatro rodas, aqueles híbridos de SUV e camioneta, enormes, sôfregos de combustível e, aparentemente, de sangue. Numa manhã de viagem entre casa e o trabalho, escapa-se por pouco a pelo menos duas colisões fatais com uma coisa dessas. E depois, bem...
É um conto interessante, este. Não posso dizer que seja a melhor coisa desde a invenção da batata frita, que não é. Mas é interessante.
Textos anteriores desta publicação:
sexta-feira, 3 de janeiro de 2025
OK, vamos lá então
Agradeço a ideia, agradeço o gesto, mas devo dizer que não é. O que não me falta é FC para ler. E outras coisas para ler, diga-se. Entre livros em papel e em bits, tenho aqui leitura para mais que o tempo que me resta de vida, e muitos deles são FC.
Dito isto, a mensagem e a oferta tiveram o efeito pretendido. Despertaram-me da modorra. A oferta é uma enorme coleção de "Megapacks", ebooks vendidos pela Wildside Press por uma tuta e meia, com carradas de contos e romances lá dentro (daí o zip de zips, que um ficheiro epub não passa de um zip com ficheiros html — para ser mais preciso, xhtml, mas é basicamente a mesma coisa — lá dentro).
Estive aqui uns tempinhos a decidir o que fazer, que não tenho certezas sobre a legalidade da oferta, e acabei por resolver tratá-la como uma espécie de shareware literário: vou ler os livros e, se gostar, compro-os à Wildside. É 1 dólar cada, afinal; não será por isso que irei à falência.
E também vou fazer o que já tinha aventado como possibilidade: pegar nas coisas cujas opiniões deixei incompletas aqui nos arquivos da Lâmpada, relê-las, completar as opiniões e publicar. Entre uma e outra coisa, e a menos que haja imprevistos (tem havido, mas não há sempre), isto por aqui deverá voltar a mexer no futuro próximo.
Boas notícias? Más notícias? As opiniões divergirão, como sempre acontece...
Até já.







