sábado, 8 de setembro de 2012

E por falar em coisas repugnantes...

As coisas repugnantes andam à solta neste país. Começando pelo bando de salteadores que rouba a quem produz, a quem trabalha, para entregar o dinheiro que ganhámos com o suor do nosso rosto a especuladores e aldrabões, passando por criaturinhas que alguém parece que elegeu para o parlamento e que têm o topete de destratar de "queixinhas" quem tenta fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa, que é tão só a lei fundamental deste país, à qual todas as outras estão submetidas (basicamente, se fazer cumprir a constituição é ser queixinhas, fazer cumprir qualquer das leis deste país é ser queixinhas), e acabando nos socratinos que produzem coisas nojentas como esta.

Há, na democracia portuguesa, partidos comprometidos com o rumo que as coisas levam e com os saqueadores estrangeiros que parece que agora andam por aí. Esses partidos são o PS, o PSD e o CDS. É bom reavivar a memória, que parece que há por aí muita gente esquecida. Já aquando do PEC 1, apresentado pelo PS e aprovado pelo PSD (não me lembro se também pelo CDS) a esquerda parlamentar alertava para aquelas medidas serem estúpidas e terem como resultado a situação que vivemos agora. Consequentemente, a esquerda parlamentar votou contra. Porque a esquerda parlamentar desde essa altura dizia que a austeridade só podia ter como resultado a destruição da economia. Que a destruição da economia só podia ter como resultado a diminuição da receita fiscal e o aumento dos pagamentos de subsídios de desemprego e sobreviviência. Que a diminuição da receita fiscal e o aumento da despesa só podia ter como resultado mais défice, mais dívida, mais tudo aquilo que o PEC 1 pretendia combater.

E sim, a esquerda parlamentar avançava com alternativas: a renegociação da dívida, o primeiro passo indispensável para pôr a casa em ordem e recomeçar a crescer em vez de cair numa eterna recessão. O mesmo caminho seguido pela Islândia, com ótimos resultados. Também o que a Grécia já fez, parcialmente, e tarde e a más horas, e que por isso mesmo não deu grande resultado. E o que nós também vamos acabar por ter de fazer, só que muitíssimo mais pobres, muitíssimo mais gregos, muitíssimo mais tramados.

A direita, PS incluído, não quis saber. E veio o PEC 1, seguido do PEC 2, seguido do PEC 3. Todos aprovados pelo PS e pelo PSD, todos chumbados pela esquerda, sempre com o mesmo argumento: o argumento de que era o caminho para o desastre. Os PEC eram já este caminho, o caminho da troika e dos que, na sua impressionante estupidez, se ufanam de ser mais troikistas que a troika. Numa versão menos intensa? Sim. Mas a diferença entre os PEC e as troikices é a mesmíssima diferença que há entre percorrer uma estrada que vai levar a um precipício a 50 à hora ou a 100 à hora. O resultado é o mesmo, só que de uma maneira precipitamo-nos mais depressa, da outra mais devagar.

E por isso, a esquerda sempre votou contra todos os PEC.

Depois chegou o PEC 4, o tal que levou Sócrates a fazer birra e a demitir-se (o que não tinha de fazer; o chumbo do PEC 4 não implicava a demissão do governo. Ele demitiu-se porque quis). Ao chegar o PEC 4, o PSD, com uma monumental dose de cinismo, puxou o tapete ao PS, votou contra. E os socratinos, em vez de se atirarem contra o PSD, atiram-se à esquerda. Ou ao PSD e à esquerda.

A "lógica", porque há que lhe chamar alguma coisa, parece ser: "pronto, vocês sempre votaram contra, sempre disseram que isto era péssima ideia, mas agora que os nossos amigos do outro lado fizeram uma birra e nos querem tirar o chupa-chupa, façam favor e votam a favor da ideia que sempre acharam péssima. Senão a gente faz birra e vai-se embora." Como é evidente para qualquer pessoa com um mínimo de honestidade intelectual, a esquerda nunca iria dar tal cambalhota. Se o caminho era péssimo no PEC 1, 2 e 3, não era no PEC 4 que deixava de o ser. Se alguém deu uma cambalhota, e deu até várias, foi o PSD. Portanto a esquerda votou contra com toda a coerência. E os socratinos fizeram birra, e foram-se embora, e continuam ainda hoje a fazer birra.

É preciso não ter ponta de vergonha na cara para, mais que exigir que partidos que sempre foram contra este rumo idiota passassem a apoiar este rumo idiota, atirar-lhes para cima com as culpas por estarmos a seguir este rumo idiota. Para agir assim, é preciso ter-se um topete do tamanho do mundo. Para sacudir dessa forma a água do capote é preciso ser-se um enorme cobarde. E posts como aquele, que não é nem o primeiro, nem o segundo, nem sequer o centésimo, são um completo asco.

E é por estas e por outras que os partidos do dito "arco do poder" são um nojo pegado. E que é preciso votar nos outros.

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