In the Icehouse é uma noveleta de ficção científica de Sally Gwylan que me deixou muito pouco impressionado. A protagonista é uma jovem vagabunda que, no início da história, está numa busca desesperada por alguma espécie de abrigo numa região incompreensivelmente invernosa dos EUA. Mais tarde, encontra abrigo e com ele algum alimento e um grupo de outros vagabundos. Mas estes guardam um mistério qualquer, e alguns talvez não sejam o que parecem ser.
A história está bem escrita, com um bom uso do discurso direto e do registo informal da linguagem (e seria tão bom que tantos escritores portugueses que por aí há aprendessem a usá-los!), mas falhou redondamente em criar uma ligação com este leitor que aqui escreve. Em grande medida, julgo, porque não tem uma coluna vertebral minimamente sólida que a sustente; se no princípio o leitor fica com a ideia de que há um mistério que tem a ver com a bizarria do clima, ou talvez com a origem e história da protagonista, a noveleta acaba e fica-se quase sem saber nada sobre a protagonista e sobre o clima. Essa aparência inicial de fio condutor transforma-se, quase no fim, noutro que aparece vindo de nenhures e sem qualquer ligação com o original. O resultado é uma história algo desconexa e muito insatisfatória, cheia de pontas soltas. Fiquei mesmo com a sensação de que aquela mudança abrupta e as pontas que permaneceram soltas no fim se deveram a uma tentativa inábil de criar um final surpreendente. Ou que a ideia da autora era escrever um romance de que esta noveleta não passaria de extrato. E talvez seja — ela tem um romance publicado, anos mais tarde — mas a verdade é que me parece que esta história não se aguenta bem de pé sozinha.
Textos anteriores desta publicação:
Sem comentários:
Enviar um comentário
Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.