Noite de Paz (bib.) é um dos grandes contos de FC de João Barreiros. Todos os anos, por alturas do natal, uma estranha anomalia que segue à risca a velha máxima sobre a tecnologia suficientemente avançada ser indistinguível da magia surge no norte da Finlândia, dando início a uma invasão de organismos miméticos de todos os clichés natalícios, comandados por uma unidade central que replica a figura bonacheirona do Pai Natal, ainda que com proporções descomunais. O conto é narrado por um comando, membro de uma equipa enviada para a zona de anomalia para tentar controlar a praga, e descreve as peripécias da missão, do início catastrófico ao final razoavelmente feliz, apesar de amargado pela consciência de que não é final de nada, só um adiamento, de que para o ano há mais.
Com alguns ecos de ribofunk, subgénero de FC que é uma espécie de ciberpunk da biologia, e também do Stalker, dos Irmãos Strugatski, este conto é basicamente um exemplo de como aplicar o estilo literário certo à história certa e de como jogar com clichés, utilizando-os de uma forma que não o é. Até o cliché absoluto do título ganha com a história que intitula uma camada de ironia que o subverte e o transforma noutra coisa bem diferente. Realmente muito bom.
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