domingo, 16 de setembro de 2012
Foi bonita a festa, pá.
Foi bom estar aqui. Muito bom mesmo. Nunca tinha visto tanta gente nas ruas de Portimão, numa demonstração de civismo exemplar, sem o mais pequeno sinal de incidentes. Cada um com as suas ideias, alguns antipartidários, outros apartidários, outros partidários, todos unidos contra esta corja criminosa que nos vai massacrando, que vai destruindo este país. A polícia, que pôs em campo um dispositivo exageradíssimo, não teve nada para fazer a não ser gerir o trânsito. E foi evidente que muitos dos agentes preferiam estar entre nós. Gritaram-se velhas palavras de ordem, subitamente rejuvenescidas. Viu-se um povo unido como há muito não se via, e de novo pareceu que realmente, assim, ninguém nos vencerá. Portimão, como o resto do país, acordou do marasmo em que andava mergulhado. Portimão, como o resto do país, pode ter ontem começado a mudar alguma coisa. Só começado; as forças que temos de combater são demasiado poderosas para serem derrotadas com uma só manifestação, por mais gente que nesta se reúna.
Hoje não direi muito mais, mas se tiver tempo nos próximos dias porei aqui na Lâmpada mais uns posts de caráter político. Por agora, ficam só duas notas:
1. Em toda a manifestação vi um único símbolo partidário ou sindical: alguém levou uma bandeira do PCP. Só reparei no facto já no fim da manifestação, pouco depois de tirar a foto que ilustra este post; não sei se antes alguém se tinha incomodado, se alguém disse alguma coisa sobre a bandeira ao comunista que a trazia. Sei que nesta fase da manifestação ele era apenas mais um de nós, tão consciente como todos os outros de que a esmagadora maioria dos que ali se encontravam não partilhavam a sua opção partidária, mas tão consciente como todos os outros de que tinha todo o direito a estar ali tal como estava. A liberdade é isso mesmo.
2. Uma das formas de continuar o que aqui se iniciou é construir uma verdadeira alternativa de esquerda que ultrapasse os bloqueios que têm sido tradicionais na política portuguesa. Uma alternativa que não se limite aos partidos mas os transcenda sem no entanto os pôr de lado. Há algumas iniciativas nesse sentido, sendo a principal, neste momento, o Congresso Democrático das Alternativas. Não só pela repercussão que poderá vir a ter, mas principalmente por fornecer uma plataforma para reflexão séria sobre os desafios que temos de ultrapassar e as formas de os ultrapassarmos. Eu subscrevi a convocatória, e convido-vos todos a pelo menos a lerem.
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