Fúria do Escorpião Azul (bib.) é uma muito pulpesca noveleta de Carlos Orsi, ambientada num Brasil alternativo sob o jugo de uma ditadura estalinista. O protagonista formal, digamos, é um jornalista, herói de guerra contra as forças anticomunistas que, por um misto de desilusão com a realidade repressiva do regime e iconoclastia pessoal, tem opiniões e atitudes subversivas e só conserva o emprego (e a liberdade, e provavelmente a vida) porque é ativamente protegido pelo chefe, um seu antigo camarada de armas. Mas as personagens que realmente fazem mover o enredo são outras: um génio científico russo, que está no Brasil em segredo a trabalhar com artefactos possivelmente alienígenas, e um vingador mascarado, uma espécie de Batman tropical, que se dedica a combater o mal à boa maneira dos super-heróis da BD.
É um conto pulp honesto, bem concebido e executado de forma competente. E a transposição deste género de enredos do habitual ambiente norte-americano para a mistura russo-brasileira que aqui se encontra tem o seu interesse. O problema é que eu não gosto deste tipo de história. Já não gostava delas em miúdo, quando lia com indiferença as revistas de BD de super-heróis que me vinham parar às mãos mas nunca comprei ou pedi para me comprarem nenhuma, e continuo a não gostar hoje. Por conseguinte eu, que até costumo gostar bastante das histórias do Orsi, desta não gostei lá muito. Apreciei a competência com que foi executada, mas pouco mais.
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