O Remador (bib.) é mais uma vinheta fantástica de Bruce Holland Rogers. Muito poético, não tanto na linguagem (embora também o seja), mas certamente na ideia que lhe subjaz, o conto fala sobre uma rapariga que se queria afogar por puro excesso de mágoa. Mas tinha de ser no dia certo, e foi desse dia que ela se pôs à espera. Quando ele chegou, um dia de tempestade, tristíssimo e escuro, fez-se ao mar num pequeno bote. Contudo, em vez de se afogar, encontrou algures ao largo o remador do título, envolto numa luz verde numa calmaria no centro da tempestade. Da sua tempestade. E assim descobriu alguém mais triste ainda do que ela, o que a faz mudar de ideias quanto a afogar-se.
Trata-se de um conto sobre a relatividade dos sentimentos, sobre a tristeza, sobre a depressão. É um conto bastante simbólico e também, parece-me, algo que vem de bem fundo, que constitui uma janela para um recanto sombrio no espírito do autor. Um conto suave, mas perturbador. E bom.
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