Em 2013, curiosamente, o número total de livros lidos foi exatamente igual ao do de 2012. Continua bastante abaixo das minhas médias de outros tempos, e se calhar é bom que me comece a mentalizar de que estes 30-40 volumes por ano já não são resultado de um ano excecionalmente mau, mas passaram a constituir um padrão para as minhas leituras. A relutância, no entanto, é muita. Admiti-lo seria mais que um pouco deprimente.
Mas adiante.
O ano foi um pouco menos variado do que anos recentes. Li menos mainstream e mais ficção científica, quer da razoavelmente pura, quer (ou talvez especialmente) da que vem contaminada com ou contamina outras coisas. Li bastante mais horror do que é hábito em mim, e não posso dizer que tenha ficado particularmente satisfeito com o resultado, e li uma quantidade invulgarmente baixa de produção local, entendendo como "local" a língua portuguesa. Foram apenas dez os livros lusófonos que li, e um deles foi um continho bastante curto. Contos, aliás, foi o que dominou por completo as leituras lusófonas: além desse conto, li mais três antologias e quatro coletâneas. Restam um ensaio e um romance. Mesmo muito pouco para o que é hábito em mim. É outra coisa a alterar em 2014.
Contos, diga-se de passagem, foi o que dominou as minhas leituras, e aí não houve grandes alterações relativamente ao que é hábito desde que lancei mãos à obra do Bibliowiki. Sim, é verdade que gosto de contos e que acho importante contribuir para que continuem a publicar-se, o que me leva a preferir comprar coletâneas e antologias a investir em romances. Mas parte relevante das minhas leituras deve-se à minha eterna (e eternamente insatisfeita, porque há sempre mais) curiosidade sobre que contos constam da publicação x, ou quais, entre os contos que dela constam, são relevantes para acrescentar ao wiki. E isso leva-me a ler todos os anos coisas invulgares, fronteiriças e obscuras. E às vezes mazinhas.
Mas basta de conversa fiada e vamos à lista.
Os livros propriamente ditos, lidos por lazer mas todos comentados na
Lâmpada ao longo do ano (embora os últimos ainda estejam ali numa pilhazinha, à espera de haver tempo para escrever uma opinião), voltaram a ser mais do que no ano anterior, tendo somado 32. A lista completa é a seguinte:
1- Brasil, de Ian McDonald (romance de ficção científica);
2- O Castelo de Lorde Valentine, de Robert Silverberg (romance de fantasia científica);
3- Dieselpunk, org. por Gerson Lodi-Ribeiro (antologia de ficção científica retrofuturista);
4- O Ano do Apocalipse, de Brian Aldiss (romance de ficção científica pós-apocalíptica);
5- Pequenos Mistérios, de Bruce Holland Rogers (coletânea de fantasia, surrealismo e mainstream);
6- Se Acordar Antes de Morrer, de João Barreiros (coletânea de ficção científica);
7- O Centauro, de John Updike (romance de forte cariz fantástico);
8- Contos Assombrosos, de Steven Bauer e outros (contos de horror e afins);
9- Contos Policiais, de vários (contos policiais);
10- A Boneca do Destino, de Clifford D. Simak (romance de ficção científica);
11- Contos Natal, de vários (contos primordialmente mainstream, com algum fantástico);
12- Neuromancer, de William Gibson (romance de ficção científica);
13- O Prometeu Agrilhoado Hoje, de António Cabral (coletânea mainstream e fantástica);
14- Contos Ficção Científica, de vários (o título diz tudo);
15- Accelerando, de Charles Stross (romance em mosaicos de ficção científica);
16- Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica 2005, de César Silva e Marcello Simão Branco (ensaio);
17- Amigo Secreto Literário de Natal, org. por Joshua Falken (antologia de ficção científica e fantástico);
18- A Tentação do Milagre, de Michael Cordy (romance tecnothriller, com abundantes doses de ficção científica);
19- Histórias de Vampiros, de vários autores (contos principalmente de horror);
20- Contos de N'Nori, de Carlos-Edmilson M. Vieira (contos mainstream com toques fantásticos);
21- Férias com um Casal Amigo, de Ricardo Adolfo (conto mainstream);
22- Nebula Awards Showcase 2009, org. por Ellen Datlow (contos e novelas de ficção científica e fantástico);
23- Memória Para um Império Futuro, de Isaac Asimov (romance de ficção científica);
24- Com a Cabeça na Lua, org. por João Seixas (antologia de ficção científica e fantástico);
25- Contos Humorísticos, de vários (contos mainstream);
26- Os Anos de Ouro da Pulp Fiction Portuguesa, org. por Luís Filipe Silva e Luís Corte Real (contos pulp de vários géneros, com predomínio do horror);
27- The Scar, de China Miéville (romance de um misto de fantasia e ficção científica steampunk);
28- O Sangue de Âmbar, de Roger Zelazny (romance de fantasia);
29- O Centésimo em Roma, de Max Mallmann (romance histórico);
30- Histórias Fantasmagóricas, de Hugo Rocha (contos de horror);
31- Contos Fantásticos, de vários autores (contos principalmente de horror);
32- A Origem das Espécies, de Charles Darwin (ensaio científico)
A acrescentar aos livros li também uma revista, e como revistas funcionam
praticamente como se fossem antologias periódicas também
contam para o total. E já tinha dito isto no ano passado. Também tal como no ano passado, isto é metade das que tinha lido no ano anterior. Ler assim cada vez menos revistas talvez não seja muito bom; vou ter de fazer alguma coisa a respeito agora em 2014. Mas o que interessa para agora é que a que li este ano foi:
33- Ficções, nº 15 (contos mainstream, surrealistas e de ficção científica);
Por fim, e de novo tal como no ano passado, li alguns livros por obrigação laboral. Este ano foram apenas três. Ei-los:
34- Dragons of Spring Dawning, de Margaret Weis e Tracy Hickman (romance de fantasia épica);
35- Tigana, de Guy Gavriel Kay (romance de fantasia);
36- Mistborn, de Brandon Sanderson (romance de fantasia)
Ah, sim, e tinha ficado de mencionar os livros que li por obrigação laboral no fim de 2012. Faltavam dois para perfazer os 36, não era? Pois foram os seguintes:
35- Dragões de um Crepúsculo de Outono, de Margaret Weis e Tracy Hickman (romance de fantasia épica);
36- Dragons of Winter Night, de Margaret Weis e Tracy Hickman (romance de fantasia épica)
O ano foi bastante bom em termos de qualidade. Eu, que sou bastante parco a dar cinco estrelas (segundo a classificação do Goodreads, na qual 5 estrelas equivale a "amazing" — não acho assim tantas coisas espantosas), dei-as a três livros, o número mais elevado dos últimos anos. Entre estes, o melhor terá provavelmente sido The Scar, de China Miéville, seguido por Pequenos Mistérios, de Bruce Holland Rogers e por A Origem das Espécies, de Charles Darwin. E além disso, houve alguns outros livros que num ano não tão bom teriam com grande probabilidade integrado este grupo, em particular a antologia Nebula Awards Showcase 2009 e os romances Accelerando e O Centésimo em Roma.
Quanto aos maus, que também os houve, também me é fácil escolhê-los. O pior foi, destacado, Contos Assombrosos, de Seteven Bauer, já mau de origem e ainda por cima desfeito por uma tradução catastrófica. Juntam-se-lhe A Tentação do Milagre, de Michael Cordy e o muito pateta Férias com um Casal Amigo, de Ricardo Adolfo. Aqui não vou dar "menções desonrosas", que acho que nenhum dos outros livros que li merece o opróbrio.
E pronto. De 2013 ainda publicarei umas opiniões atrasadas e estaremos conversados. Siga para 2014.
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