terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Lido: Ponte Frágil Sobre o Nada

Ponte Frágil Sobre o Nada (bibliografia) é uma noveleta de ficção científica de Maria Helena Bandeira, cujo grande ponto forte é a forma como lida com realidades divergentes. O ambiente é fortemente distópico, embora a princípio não pareça. A princípio, aliás, tudo parece muito estranho. A protagonista inicia o conto como uma mulher preocupada com o filho, deficiente, porque, ao contrário do que é norma na sua sociedade, só consegue comunicar falando. A ideia de que algo tão humanamente fundamental como a linguagem pode ser encarado como uma deficiência parece perfeitamente absurda. Mas aos poucos vamos percebendo, tanto nós como a própria protagonista, presa de uma luta entre uma seita religiosa que a aprisiona numa realidade aparentemente utópica, e um grupo de amigos, rebeldes, que tenta resgatá-la, procurando substituir essa realidade por outra, mais sólida, mais palpável, mais real. Na verdade, a mulher é mais que presa da batalha: é campo dessa batalha.

São claras as influências de Matrix, e do ciberpunk em geral, mas a noveleta segue um caminho diferente e é em boa parte nisso que reside o seu interesse. Nisso e na eterna luta das mães para proteger os filhos, provavelmente o mais arreigado de todos os instintos da espécie humana, aqui numa versão algo diferente. Pena algumas gralhas que chegaram à edição final, e pena também alguma hesitação de ritmo e estilo que não deixam que este conto atinja todo o seu potencial, deixando-o algures entre o razoável e o bom.

Contos anteriores deste livro:

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