Falar de textos sem título tem sempre aquela dificuldade típica de chamar gente sem nome. Ou mais. Afinal, as velhas fórmulas do "ó coisinho" ou "ó pá", que acabam por desenrascar quando o "coisinho" não tem nome, aqui não resultam. O coiso não é gente, logo não atende.
Enfim, este texto sem título é uma espécie de artigo enciclopédico sobre Portugal, seguido de anedota, também sobre Portugal, que Luísa Costa Gomes escreveu e fez publicar há uns anos que já vão para o largo na revista Ler. Artigo piadético, está bem de ver, pois de humor trata o livro em que se inclui. Mas, francamente? Estes exercícios de cascar no ceguinho Portugal são, desde Eça, dos clichés mais surrados da intelligentzia portuguesa (e não só - qualquer zé de qualquer tasca desanca no país com gosto, verve e bafo avinhado) e, como todos os clichés, ou são muito bem utilizados ou desembocam em bocejo. Aqui, o cliché não está suficientemente mau para dar em bocejo, mas não chega ao sorriso bocejante. Na verdade, pouco passa do bocejo ocasionalmente sorridente. A anedota ainda é capaz de ser a melhor parte por ser aquela que melhor consegue escapar à banalidade.
Não é mau, entenda-se — afinal, ainda consegue fazer esboçar uns sorrisinhos, por via de alguns pormenores bem conseguidos, além de vir escrito com competência. Mas está longe de ser bom, parece-me. E ainda não foi desta que gostei de um texto da Luísa Costa Gomes.
Textos anteriores deste livro:
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