Shannon Peavey está presente nesta antologia com duas histórias, uma noveleta e um conto.
Scavengers, a noveleta, é uma fantasia com alguns toques que se costumam associar ao steampunk, ainda que não sejam propriamente identificativos do género. Trata-se de uma história sobre o medo do outro, manipulado e amplificado por quem governa a fim de mais firmemente exercer o controlo sobre os governados. Num lugar nunca identificado, um grupo de pessoas vive sob a proteção de uma "Senhora", que as vigia e contacta por intermédio de pássaros mecânicos falantes (os tais mecanismos quase de relojoaria que muitos associam ao steampunk, embora não sejam exclusivos do género) e dotados de alguma inteligência própria, permanentemente acossadas, julgam elas, por forasteiros que pretendem matá-las. A protagonista é uma jovem míope, que devia participar na vigilância contra os forasteiros mas não consegue por causa dos olhos, que só melhoram de forma provisória graças a um unguento especial que a Senhora lhe fornece. Esta, após perder a irmã mais nova, vai acabar por descobrir que a sua vida, a Senhora e toda aquela zona, não são bem como julgava. Uma história bastante boa; bem escrita e bem elaborada.
Ghosts in the Walls, o conto, é uma mistura de conto pós-apocalíptico com história de terror fantasmagórico. Saltitando entre o presente e um passado razoavelmente próximo que o explica, tem como protagonista uma mulher que procura sobreviver num mundo enlouquecido, sacudido por tremores de terra constantes e violentos, enquanto em sua casa é atormentada por um choro de bebé vindo de um ponto específico nas paredes. Também esta é uma boa história, bastante bem escrita e elaborada e muito bem rematada.
Shannon Peavey é autora a manter debaixo de olho.
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