Mulher de Mim é mais um conto breve de Mia Couto a carregar com força na poesia e nas possibilidades expressivas dos neologismos. De resto, é o que Mia Couto faz sempre, embora normalmente o faça tão bem que mal se nota, no sentido em que o trabalhar da linguagem surge não como fim em si mesmo, mas como intrumento manuseado com a máxima delicadeza ao serviço da história que está a contar. Aqui não é bem isso o que acontece, apesar de o ser em maioria. Talvez por força de alguns devaneios que a entrecortam, talvez por outro motivo qualquer, parece faltar à história alguma da solidez que costuma ser apanágio destas ficções. E é pena, claro, mas mais ainda, digo eu que tenho o gosto que tenho, por ser esta uma história fantástica apesar de mais de ambiente do que de factos narrados. Uma história quase fantasmagórica sobre a morte e os seus fantasmas. Ou sobre a vida, os vivos e seus desejos.
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