Em Portugal, antes do 25 de Abril, houve uma significativa atividade literária de resistência. Uma multiplicidade de autores produziram obras em que refletiam umas vezes mais diretamente, outras menos, o dia-a-dia de quem se opunha ao regime. Nesta antologia há várias dessas histórias e este A Meia Hora de Sol, de Urbano Tavares Rodrigues, é mais uma.
Neste conto, muito curto, a história que se conta é uma história de amor interrompido pela prisão. Urbano não o diz claramente, mas não é difícil adivinhar que é uma prisão política que obriga o casal a passar a comunicar esporadicamente por carta, sempre sujeita aos olhos da censura, e nas raras visitas que a mulher faz à cadeia. E isso, essa falta de privacidade, tem consequências, exacerbadas pela tendência humana para imaginar o que não se sabe e extrapolar a partir de informação insuficiente. Este é outro conto bom, ainda que me pareça demasiado curto para realmente causar impacto. A história depende da psicologia das personagens e esta é-nos dada a pinceladas que talvez sejam demasiado rápidas.
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