Se lida de uma certa forma, esta pequena história de Carlos de Oliveira (de que julgo nunca antes ter lido nada) é um conto de horror, e as múltiplas citações, referências e reverências a Edgar Allan Poe que a percorrem de princípio ao fim provavelmente indicam que essa é a leitura certa. Entre o lirismo e a fantasmagoria, Os Corvos descreve uma casa de penhores e Lucas, o seu dono, com uma escrita de grande qualidade. Escrito em primeira pessoa, o conto quase não tem enredo. É daqueles contos que se dedicam a cristalizar um momento especial, ou pelo menos os derradeiros minutos ou segundos que nesse momento acabarão por desembocar. Que momento? Digamos só, para não estragar a surpresa de quem não for demasiado bom entendedor, que o narrador talvez não seja propriamente humano e talvez queira do bom (ou nem por isso) do Lucas algo bem diferente de um penhor. Algo que talvez fosse a última coisa que o Lucas quereria dar.
É mais um bom conto, este. Com apenas duas páginas talvez se pudesse julgá-lo demasiado curto, mas tem a dimensão certa para o que pretende contar.
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