quinta-feira, 7 de junho de 2012

Lido: Akallabêth

Akallabêth é uma noveleta de J. R. R. Tolkien, forte e assumidamente baseada no mito da Atlântida, que relata uma série de acontecimentos intermédios entre os descritos no Quenta Silmarillion e os dos livros mais conhecidos do autor. Em tom também é algo intermédio, situando-se algures entre o mito de criação, o documento histórico e o conto propriamente dito. Descreve a ascensão e queda dos numenoreanos, habitantes de uma ilha (continente?) situada a oeste da Terra Média, e pertencentes à raça dos homens, mas uns homens especiais, de vidas longas. Estes, originalmente amigos dos elfos, caem quase todos sob a influência de Sauron, o mesmo espírito maligno que vai ter um papel importante n'O Senhor dos Anéis, e isso tem como consequência última a perdição de Númenor.

De novo, compreendo que um fã se delicie com este texto: ele concretiza vários elementos que são apenas entrevistos na trilogia principal do universo tolkieniano e fornece um pouco de história a Sauron, que na trilogia é elemento constante mas sempre muito nebuloso, um perigo presente mas distante e misterioso, truque eficaz, diga-se de passagem, para a construção da sensação de ameaça que está presente ao longo de toda a viagem de Frodo e companheiros.

Mas, como já disse várias vezes, eu não sou um fã. E o maniqueísmo tende a irritar-me sobremaneira, pelo menos em textos que se mostrem como mais que simples lendas, como é o caso. Portanto voltei a não gostar lá muito do que aqui li, e só não gostei menos porque achei interessante a forma como Tolkien integrou os mitos atlânticos na sua narrativa e no seu universo.

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