A Peste Negra (bib.) é uma coletânea de Gomes Leal, composta por um conto e uma noveleta que, embora mostrem alguns elementos em comum, são bastante diferentes um do outro. Gomes Leal é conhecido fundamentalmente como poeta, embora também tenha sido tradutor de alguns dos grandes autores fantásticos do século XIX, e essa queda para a poesia nota-se bastante nestes dois textos, em especial no primeiro. Nada tenho contra o facto; a prosa poética é uma forma tão legítima de escrever como qualquer outra e pode dar origem a obras maiores. Mas não, julgo, quando ofusca tudo o resto, quando se substitui aos outros elementos que devem estar presentes no ato de contar uma história.
E aqui, se nos abstrairmos do burilar das imagens, os textos tornam-se completamente banais. O primeiro, sobretudo, mostra tudo o que de pior existe nos contos românticos (o texto pesado e exageradissimamente sentimental, a adjetivação omnipresente, a inevitabilidade da tragédia, etc.) e, bem espremido, dá muito pouco sumo. E segue tão fielmente as convenções do melodrama que não há a mínima surpresa. A leitura arrasta-se, mesmo num texto que não passa de conto. O segundo, ainda que bastante melhor, volta a perder-se ocasionalmente em frases de efeito e a sua inclusão numa coleção de contos fantásticos parece-me forçada.
Em todo o caso, estas duas histórias são suficientemente diferentes uma da outra para que eu renita em delas concluir que Gomes Leal foi um mau contista. Com base em tão pouco não me atrevo. Mas posso dizer que fiquei sem curiosidade, sem vontade de ler mais. Não gostei deste livro. Está na lista de candidatos à pior leitura do ano e, para já, muito bem posicionado para arrebatar esse duvidoso troféu.
Eis o que achei das duas histórias:
Este livro foi comprado.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Por motivos de spam persistente, todos os comentários neste blogue são moderados. Comentários legítimos passam, mas pode demorar algum tempo. Como sempre acontece, paga a maioria por uma minoria de abusadores. Parece ser assim que o mundo funciona, infelizmente.